A NÃO-BINARIDADE DE GÊNERO, CORPO-POLÍTICO E RESISTÊNCIA

Este ensaio aborda os atravessamentos da transfobia, da moralidade e do conservadorismo brasileiro nas relações afetivas familiares com pessoas trans não-binárias. Ao analisar entrevistas feitas com pessoas que se identificam como não-binárias e seus/suas familiares, busco avaliar a possibilidade de considerarmos a “confusão de gênero” como resistência à transfobia, entender quais as estratégias e agenciamentos que o corpo-político não-binárie assume para existir nas relações afetivas, mas também para além desses espaços. Pensar no amor e no cuidado possível a partir dos laços familiares de pessoas trans não-binárias contribui para produzir reflexões e traçar caminhos que apostem na ampliação das possibilidades de existência de pessoas LGBTQIA+, na reinvenção e celebração da vida, além de reafirmar a importância (para a psicologia e para as ciências humanas como um todo) de um fazer ciência que seja comprometido na luta por uma sociedade mais justa e igualitária para as pessoas entendidas como minorias sexuais e de gênero. Palavras-chave: Não-binaridade; relações afetivas no Brasil; transfobia; psicologia social.