“Mona, eu não tenho que te dar aula”: Reflexões sobre a não-binariedade de gênero, a interpelação e a prática psi.

Apesar das recentes mudanças e avanços sociais e políticos que as pessoas não-binárias vêm conquistando nos últimos anos, adotar essa identidade de gênero no Brasil ainda representa enfrentar grandes desafios, tão presentes nas populações trans: a falta de reconhecimento social (inclusive dentro da comunidade LGBTQIAP+), a invisibilização das demandas específicas em cuidado de saúde (física, mental e social), as diferentes formas de transfobia e o isolamento social e afetivo. Na primeira parte deste artigo, a partir do relato de minha experiência no mestrado em Psicologia Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, discutiremos acerca da importância de uma formação qualificada e atualizada nas questões de gênero e sexualidade nas graduações e pós-graduações de Psicologia. Na segunda parte, a partir da narrativa da história de Mab (pessoa não-binária que participou da fase de campo da pesquisa), observaremos os dilemas da fluidez e das interpelações sociais na construção da identidade não-binária. Palavras-chave: identidade não-binária; Psicologia Social; interpelação;